Quem ensina sempre aprende
O professor entrou e viu os olhos atentos da classe: era sua primeira aula. Substituiria o antigo mestre que mudara de escola. Sentiu, todavia, que poderia acrescentar algo ao saber existente ali. Afinal, era ele o professor, e como professor deveria sempre saber mais e ensinar algo novo, uma nova concepção de ver as coisas, revolucionária, moderna e instigante.
Deixou sua pasta sobre a mesa, caminhou cuidadosamente em direção ao centro da sala e depois para os lados; olhou firme para turma, braços cruzados e com o dedo indicador da mão direita sobre os lábios perguntou:
“O que vocês querem aprender hoje?”. A turma emudecida foi sinal para o professor prosseguir. Não que já soubesse tudo, mas estava intimidada. “Bem, então acho melhor vocês me ensinarem o que já apreenderam”. Ponderou ele.
Durante todo o tempo, os alunos disseram e compartilharam o que haviam aprendido. Mais do que isso, dirimiram as dúvidas daqueles que ainda não haviam compreendido muito bem. Expuseram seus olhares e seus pensamentos. No final do dia, indagados sobre como fora a aula com o novo mestre, disseram que aqueles que não sabiam aprenderam e os que já sabiam descobriram o quanto se aprende mais quando se compartilha saberes e experiências.
O trabalho em escolas onde há o compartir de conhecimentos entre professor e aprendente não compreende apenas ensinar o conteúdo de uma disciplina. Demanda, também, um saber natural de trocas e interação. Em outras palavras: na educação, o mestre aprende com o aluno e o aluno com o mestre. Todavia, o modelo que dialoga com o aprendente pode chegar a um impasse quando este não quiser dialogar. Mas tocar-lhe o desejo, mover-lhe o prazer adormecido poderá ser uma janela que descerre possibilidades novas para a aprendizagem.
Gerações de crianças e adolescentes crescem com acesso à televisão, computadores, internet. Decidem o que querem fazer e como fazer, são movidas pelo desejo e interesse. Mais do que a Escola dizer o que é certo ou errado, será promover a prática de atitudes que estabeleça o valor do saber e do desejo de cada um, tornando a aprendizagem prazerosa, ensinando o aprendiz a desenvolver a sua autonomia para fazer boas escolhas.
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