Questões de aprendizagem
Na escola, é comum encontramos alunos mais velhos que ainda necessitam frequentemente de experiências com o concreto para articularem seus pensamentos. Para exemplificar o que falamos, há casos em que o aluno, no mundo real do seu dia-a-dia, usa bem as palavras na formação de frases quando escreve ou fala, mas quando somente abstrai para a obtenção de uma resposta, nem sempre alcança sucesso. Isso é muito comum no ensino de temas ligados à temporalidade verbal. Quando se diz: “o carro ainda não andou” o verbo “andar” está no pretérito perfeito, mas a frase remete-nos à expectativa de uma ação que virá no futuro: “o carro andará”. Na escola, é normal trabalhar o assunto de forma linear (passado, presente e futuro) procurando identificar e nomear o modo verbal, o que causa alguma confusão nos alunos, principalmente quando não reportamos o que ensinamos a ações comuns e cotidianas, como no caso a seguir:
O professor pergunta ao aluno:
- Quando eu digo: “eu andei”, a ação está no passado, no presente ou no futuro? O aluno sorri, olha para o professor, olha para baixo, olha para cima, pensa e diz:
- Não sei, professor.
- Não sabe?
- Não sei, professor… Está no presente? – responde.
- O que você fez hoje antes de vir para a escola? – Continuou o professor.
- Andei de bicicleta!
- Andou?
- Sim, andei.
- “Andei”: passado, presente ou futuro?
- Ah professor, assim é fácil. Passado!
A pergunta, que foi feita a um garoto de 10 anos, de uma classe do quarto ano fundamental, traz a indagação se estamos ensinando direito quando a criança não aprende. Piaget observa que esse período apresenta uma mistura deveras curiosa de progressos notáveis e lacunas não menos impressionantes que se apresentam, algumas vezes, como espécie de regressões aparentes, naturalmente superadas pela intervenção exterior do professor. É usual esperar dos alunos habituais progressos no desenvolvimento acadêmico, e poucos educadores condicionam-se para trabalhar com as regressões naturais. Observar os erros, que possuem a crua espontaneidade da natureza humana – que é um campo fértil para práticas psicopedagógica afetivas – descortina os caminhos a serem trilhados para alcançar os acertos.
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