A TV como você nunca viu





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Como as transmissões digitais que começam em dezembro vão transformar o entretenimento mais popular do país

O engenheiro paulistano Gustavo Araujo, de 28 anos, está pensando em comprar um novo aparelho de televisão. Em vez de aproveitar as promoções que tomaram conta das lojas, ele diz que ainda vai esperar. Araujo, funcionário da Telefônica de São Paulo, sabe que está nascendo uma nova era da TV no Brasil. No dia 2 de dezembro, a TV digital vai estrear no país. “Quero comprar um aparelho que já aproveite o potencial da nova tecnologia”, diz. “Vou poder ver filmes e navegar na internet no mesmo aparelho.”

Ele não é o único a alimentar expectativas de uma nova experiência diante da TV. A mudança deverá chegar, no futuro, à casa dos 163 milhões de pessoas com televisão colorida no Brasil. O início das transmissões digitais promete aos poucos revolucionar o entretenimento mais popular do país. A programação do governo federal prevê que a transmissão comece na cidade de São Paulo e siga para as demais capitais ao longo de 2008 e para o interior a partir de 2009. O Brasil inteiro deverá receber os sinais digitais até 2016. Aí as transmissões de hoje – analógicas – serão interrompidas.

No início, a surpresa se resume à imagem e ao som de melhor qualidade, com cores e um nível de detalhes equivalentes aos de DVD. O sinal da TV digital vem codificado. Se houver algum problema na transmissão do sinal, o sistema corrige as distorções. Isso significa que, aonde chegar o sinal digital, ninguém mais vai precisar colocar esponjas de aço na ponta das antenas. O novo formato exclui o risco de fantasmas, ruídos e interferências nas imagens. Quem comprar uma TV de alta definição (chamada de “full High Definition” ou “full HD” nas lojas) vai contar com uma qualidade jamais vista. A TV comum tem uma imagem composta de 307.000 pontos iluminados (os pixels). Na TV de alta definição, são 2 milhões de pixels. É quase um cinema.

Só isso deve justificar a compra de novos aparelhos para muita gente. Mas a maior promessa da TV digital vai além. Esse tipo de transmissão permite aos telespectadores interagir com as emissoras, seja opinando, seja comprando produtos que apareçam nos programas, seja estudando, em cursos pela TV. Para pessoas como Araujo, que passa duas horas por dia simultaneamente assistindo à TV e navegando na internet, há mais um atrativo. Com a TV digital, será possível concentrar na própria televisão os recursos de computador e os da televisão tradicional. Também será possível pagar contas, checar a restituição do Imposto de Renda ou até fazer a declaração de isento por um sistema da Receita Federal.

QUALIDADE
Gravação da novela Duas Caras, da Globo. A emissora já está filmando com equipamentos de alta definição. Quem tiver uma TV adequada terá imagem de cinema
Essas possibilidades todas devem estimular a venda de aparelhos de TV no país, segundo a Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros). O Ministério das Comunicações calcula que o número de lares com TVs, hoje em 50,8 milhões, chegue a 80 milhões até 2012. Mas ninguém precisa correr para substituir sua TV agora. Para receber esse novo sinal digital, o consumidor pode optar por adquirir um aparelho receptor com antena embutida, chamado “set up box”, que será acoplado ao televisor. O ministro das Comunicações, Hélio Costa, afirma que o preço partirá de R$ 200. A indústria por enquanto fala em R$ 700.

Uma boa amostra do que vem por aí é a TV japonesa, que já tem sinal digital há dez anos e cujo padrão de s transmissão de sinais será adotado no Brasil. “Aqui, os telespectadores já podem conferir informações sobre os programas na tela da TV”, diz Takakazu Ito, responsável pela área de desenvolvimento de novos produtos da emissora japonesa IPC World. “Quem está vendo um jogo de futebol pode acessar dados sobre o campeonato ou a carreira de cada jogador. Os filmes vêm com dados do roteiro ou do elenco.”

Segundo Ito, alguns programas japoneses começaram a usar os recursos de interação, ainda de forma incipiente. Há um programa de turismo em que os telespectadores podem se inscrever previamente e participar da atração. Todos “largam” com US$ 500. O apresentador, ao longo do programa, mostra locais turísticos, sempre apresentando opções de restaurantes e hotéis. De casa, o público vai marcando por meio do controle remoto suas escolhas e, ao final, quem encerrar “a viagem” com o orçamento mais próximo do definido no início ganha um prêmio. “Outra possibilidade que virou mania é dividir a tela, para que se possa assistir a diversos programas ao mesmo tempo. Isso pode significar o fim do zapping no controle remoto”, diz Ito

Fonte: Luiza Pires – Revista Época

 

 


 





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