Autismo e sensibilidade

Em consequência do convívio, podemos dizer que todos nós possuímos uma mente social, que nos possibilita fazer conexões apropriadas com o mundo ao redor. Nossa razão consulta constantemente nossa memória social para direcionar o comportamento. Quando chegamos a um local, por exemplo, percebemos de modo global o ambiente, porque aprendemos a ver as coisas não isoladamente, mas conectadas, num contexto de relações. Dirigimos, consequentemente, nossas ações de acordo com o que é socialmente adequado. Todavia, no mundo autístico, nem sempre isso ocorre. O mais das vezes, em decorrência do isolamento, há uma fixação em detalhes específicos, percebidos menos em razão do conhecimento social e mais por causa do estímulo sensorial que o indivíduo recebe de determinado objeto ou situação. Isto provoca comportamentos peculiares.

Ele aprende de forma singular. Há uma relação diferente entre o cérebro e os sentidos. Os objetos nem sempre exercem atração em razão da sua função, mas em razão do estímulo que promovem. Um lápis poderá se tornar apenas um objeto de contato sensorial. Porém, o autista poderá descobrir, também, novas maneiras de explorar o mundo exterior, permitindo ações criativas e comunicacionais. Para ele, haverá sempre uma pungente busca exterior, rica em percepções sensoriais e em experiências criativas, pois o contato com objeto torna-se um contato afetivo.

Assim, os vínculos com o mundo exterior, geridos por experiências sensoriais de qualidade, poderão contribuir para a construção da interioridade afetiva e social da criança, pois para além da condição limítrofe do autista estará sempre a sua condição humana, com seus atributos criativos de aprendente.