Revista TIC Educação: Mudanças aprovadas pelo CNE para o Ensino Médio exigem modificações nos vestibulares
Recentemente, o Conselho Nacional de Educação (CNE)
aprovou mudanças para o Ensino Médio, que preveem um modelo de currículo dividido em quatro áreas
de atuação - ciência, tecnologia, cultura e trabalho. Na prática, a escola ou a rede terá maior
autonomia para montar a grade curricular. Cada escola escolherá sua vocação (área), por meio do
diálogo entre corpo docente, alunos, redes de ensino e as comunidades locais. Em cada área, algumas
disciplinas terão maior destaque do que outras. Na escola que optar pela área cultural, por
exemplo, conteúdos como história, geografia e literatura terão maior ênfase. Disciplinas como
matemática, física e química também serão abordadas, mas de uma forma que faça mais sentido para
uma formação de cultura. Com as mudanças, espera-se modificações também nos vestibulares, uma vez
que o novo Ensino Médio visa a formação para o mercado de trabalho e a maioria dos vestibulares
prioriza o conteúdo completo. Mudanças nesse sentido são bem vindas para dar um novo fôlego para o
Ensino Médio, considerado uma das etapas mais problemáticas da Educação Básica. É o que pensa o
psicopedagogo e pesquisador da área educacional da Universidade Federal Fluminense, Eugênio Cunha.
Para ele, a mudança é o primeiro passo no longo caminho para melhorar a realidade da educação no
Brasil. Em entrevista à TIC Educação, Eugênio Cunha disse que acredita que as universidades ficarão
atentas ao novo perfil de aluno e a demanda que irá se formar, trazendo, consequentemente, mudanças
na formatação do vestibular. De acordo com Cunha, o esforço do MEC é louvável porque o modelo atual
de vestibular já não atende mais às necessidades discentes. TIC – As mudanças aprovadas pelo CNE para o
Ensino Médio, que preveem um modelo de currículo dividido em áreas, trarão modificações no
vestibular? Eugênio Cunha -Provavelmente sim. O currículo do novo
ensino médio é mais flexível e dá maiores opções ao aluno. Ele é mais humanizado e menos
mecanicista. Creio que as universidades ficarão atentas ao novo perfil de aluno e a demanda que irá
se formar. Isto deverá trazer mudanças na formatação do vestibular. TIC - O novo Ensino Médio visa à formação
para o mercado de trabalho, enquanto a avaliação da maioria dos vestibulares prioriza o currículo
do conteúdo completo. Se as universidades não sinalizarem alguma mudança nos vestibulares, o novo
currículo do EM pode ser ineficaz? Eugênio Cunha -Poderá sim, mas é mais provável que as
universidades também abracem a ideia do novo ensino médio. Este é um esforço do MEC, e é louvável
porque o modelo atual de vestibular já não atende mais às necessidades discentes. Precisamos
entender que a universidade existe por causa do aluno e não o contrário. TIC – Você acredita que o Enem é compatível
com o novo modelo de currículo do Ensino Médio? Eugênio Cunha –Não acredito que o Enem seja compatível com
o novo modelo de currículo do Ensino Médio. Mudanças na educação básica devem provocar mudanças
estruturais no Enem. É uma lógica progressista. TIC – O objetivo da mudança é melhorar o cenário do
Ensino Médio, visto como a etapa mais problemática da educação básica, devido aos altos índices de
evasão. Em sua opinião, as novas diretrizes podem indicar o caminho para melhorar a qualidade do
EM? Eugênio Cunha -Sim, pois precisamos fazer alguma coisa. O grande motivador da evasão no EM é a falta de interesse dos alunos. O novo modelo permite ao discente, ainda que de forma tímida, oportunidades de escolha; tenta quebrar a rigidez do modelo vigente. Decerto, valoriza um pouco a carga afetiva do educando, com propostas que se ligam mais a sua realidade, podendo modificar o cenário atual. Leia outras matérias no site da revista: |
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